9 de abril de 2010

Só mais uma história de amor...


Digamos que não tenha sido amor à primeira vista ou algo milimetricamente planejado. Foi, sim, despretensioso, oportuno. Talvez por isso a relação fosse tão calorosa.

Até então, não almejava mais se apaixonar. Achava que as coisas aconteceriam não porque queria, mas porque tinham de acontecer.

Habilidoso com a escrita, as palavras fluíam naturalmente, sem sequer fazer esforço. Foi daí, portanto, que passaram a se conhecer melhor. Ainda assim, aquilo era apenas uma característica comum. Obstáculos intransponíveis surgiam em sua mente e o impediam de continuar.

Acordava durante a noite e pensava sobre o assunto. Seria essa a melhor opção? Os problemas eram gigantescos e a cobrança exaustiva sobrecarregava seus ombros.
Mesmo assim, decidiu assumir o relacionamento. Afinal, aquela poderia ser a chance da sua vida.

No começo, tudo beirava à perfeição. Os dois caminhavam juntos em direção ao estrelato. Eram companheiros diários: manhãs, tardes e noites.
Ele queria ajudar, contribuir de alguma forma para que a sociedade fosse mais justa, mais igual. Via aquela relação como a única ferramenta palpável capaz de fazer isso.

Com o tempo, entretanto, percebeu o árduo trabalho que tinha em mãos. Surgiram as primeiras decepções. Seu companheiro passou a ser usado por alguns para alavancar valores individualistas.

Não podia cobrar nada. Afinal, por mais que tivessem escolhido um ao outro, seu parceiro era fielmente ligado à literatura e tinha relações com nomes de peso que ele mesmo admirava.

Sem o mesmo entusiasmo de antes, continuou. Os golpes traziam a ele dores incalculáveis. Alguns, inclusive, maltratavam sua companhia mais perfeita. Feriam o direito à liberdade de expressão. Confundiam livre-arbítrio com adjetivação barata. Falavam sem pensar e redigiam sem entender.

Não, não suportava mais aquilo. Como todo relacionamento tem seus altos e baixos, às vezes, via coisas incríveis que o faziam mudar de ideia e raciocinar.

Foi então que, numa bela manhã de outono, decidiu agir. Pegou um pedaço de papel, um lápis e, carinhosamente, anotou palavra por palavra, letra por letra. Sabia que poderia ser uma decisão irrevogável ou desistir e tentar mais uma vez. Mesmo sabendo que não seria lido, que ninguém daria atenção ou compreenderia, escreveu:

“Não é segredo para ninguém que estamos em crise. Eu tentei gostar de você e ver as coisas de outra forma. Aliás, eu gostei de você. Mas tais circunstâncias não permitiram que esse sentimento crescesse. Vou embora, e quem sabe um dia volte. Obrigado por ter me trazido um conhecimento tão abrangente e variado. Hoje, 7 de abril, dia do jornalista, eu me despeço de você e todos os seus casos. Adeus, meu querido e belo jornalismo."

E foi embora meio sem rumo. Ninguém nunca soube se ele retornou ou não. Mas uma coisa era certa: seu amor por ele nunca acabou.

Um comentário:

Gi Olmedo disse...

Agora me explica se isso foi baseado em fatos reais! rs!

Acho que toda escolha tem dois lados: o bom e o ruim. Vc escolhe por qual deve e consegue caminhar.

Mas esse amor não morre... nunca morrerá! Isso é nato, caro John! ainda tem dúvidas disso?
beijos e grata por sacodir o blog... amanhã eu remexerei nisso aqui.