20 de fevereiro de 2010

O armário

Anos se passaram, até decidir que meus sentimentos mais genuínos seriam guardados no armário do quarto, não no coração.

O coração, como qualquer outro órgão do corpo humano, falha. Às vezes, ele bate de forma acelerada, outras, ameaça parar repentinamente. Dois são os culpados por essa troca, a princípio, material e pouco humanizada: as dores pungentes e as alegrias incontidas.

Quando me dei conta da fragilidade do lado esquerdo do peito, decidi enfiar todas as lembranças da minha vida naquele objeto, aparentemente, obsoleto e que, cedo ou tarde, não estaria ali.

Simples assim. Cartas, bilhetes, óculos, bichos de pelúcia, brinquedos: tudo que me trazia felicidade, dor, saudade e tristeza. Não queria mais nada, só um coração novo. Transferi tudo que o atormentava compulsivamente para um lugar de fácil acesso, porém, trancado a sete chaves.

Sem hesitar, coloquei toda a emotividade em cada um dos itens. Determinei, entretanto, que não abriria aquela porta até ter convicção de que necessitava de energias para seguir em frente.

13 de fevereiro de 2010

Seria isso relevante?



Talvez nem saiba por onde começar esse post. Despois de tanto tempo, resolvi voltar a escrever ou melhor, desabafar. Para mim, externar meus pensamentos com letras em um singelo pedaço de papel sempre foi o remédio mais eficaz para a doença da alma que, às vezes, toma conta de mim.

Poderia abordar diversos assuntos que me deixaram feliz nos últimos tempos: A prisão de Arruda, meus amigos, o reconhecimento no trabalho ou a supremacia corintiana.

Contudo, aspectos negativos também surgiram na mesma proporção.
Decedi, então, falar de coisas despercebidas e intrigantes, que assolam minha mente:

- Todos os anos me esforço continuadamente para não me esquecer da escola de samba vencedora do Carnaval de São Paulo. Digamos que não tenha qualquer tipo de afinidade com a data, mas lembrar-se da campeã é algo que tento com todas as minhas forças, e nunca obtenho resultados satisfatórios. Seria isso relevante? Para um louco, sim;

- Quando termina o horário de verão, sempre penso a mesma coisa: A que horas escurece? Quando estiver indo para a faculdade estará claro? E quando voltar? Para quem tem problemas relativos a tempo e espaço, é realmente um problema. Seria isso relevante? Para um louco, sim;

- Em Agosto faz frio ou calor? Em novembro chove tanto assim? É incrível como sou capaz de decorar teorias de Marx, Lenin e Stalin em minutos, mas não consigo entender aspectos sazonais referentes aos meses. Seria isso relevante? Para um louco, sim.

- O Dia das Mães é em março ou em maio? Sempre me esqueço disso. Tenho o dom de perguntar anualmente para todos, inclusive para ela. Seria isso relevante? Para um louco, sim;
- Acho melhor parar por aqui.