25 de maio de 2009

Ouvidos corintianos

Olhe, ou melhor, escute, confesso que não estou muito habituado a falar sobre sons, barulhos e ruídos. É que diante daquela situação tão calorosa, foi impossível deixar de sentir algo.
Eram gritos das mais diferentes entonações, vocabulários dos mais diversos portes; tudo conspirava a favor e dava vida ao ambiente futebolístico.

A emoção veio à tona com o eco da torcida, o movimento da bandeira e o hino do Sport Club Corinthians Paulista. Embora não tivesse muitas pessoas no estádio, a essência de cada som era externada, transformando-se em uma adrenalina incomparável.
Eis, então, o apogeu sonoro: o gol. Uma maravilha, diga-se de passagem. Vozes emergiram subitamente e seguiram o coro constante da mesma nota musical.

Foi então que percebi que tudo ali estava intensamente conectado. O som da criança chorando, os berros exorbitantes do vendedor de amendoim, os gritos e batuques permanentes das torcidas organizadas, os xingamentos e palavras de baixo calão: tratava-se da magia do ambiente. Nada seria igual, caso faltasse algum desses elementos. Por um momento, tentei minimizar tal importância, prestando atenção apenas no jogo. Mas quem disse que a partida independia dos aparatos listados acima?

O barulho apoteótico veio com o segundo gol do Corinthians. Naquela hora, foi por água abaixo toda e qualquer relutância que negligenciava o som. Outro sentido também recebeu influências, a visão: tudo estava muito mais belo e perceptível. Nem o gol adversário conseguiu diminuir o ímpeto ensurdecedor de todos que estavam ali.
O apito final do árbitro tratou de dar fim à música involuntária. Tampam-se os ouvidos e encerra o espetáculo.

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