2 de maio de 2010

Já, 26?


Eu me lembro, há cerca de uns 20 anos ou mais, de um berço grande e de dias em que eu acordava chorando por causa de um pesadelo. Alguns anos mais, esse berço virou uma caminha de solteiro, onde todas as tardes, ao chegar da escola, eu imaginava como seria meu futuro, minha vida adulta. A fixação do meu pai e o estímulo dele em me ensinar a jogar bola e admirar o jornalismo foram fatores decisivos na minha vida. Ele costumava dizer que me registrou somente com o sobrenome dele porque jornalista tinha apenas um nome e um sobrenome! Eu seria uma de muito sucesso. É pai, to caminhando pra isso!

Fez me apaixonar por tais coisas, enquanto me ensinava história e fazíamos palavras cruzadas juntos, desde os 4 anos, quando aprendi precocemente a escrever e lia notícias sobre o então presidente José Sarney, mesmo sem entender muita coisa. Quantos “boa noite” eu dei para o Chapelin e para o Cid! Anos mais tarde, meu interesse por política se acentuava.

Repleta de sonhos e fantasias, entre brinquedos e mimos do papai, ele me levava, duas vezes por semana, ao centro da cidade. Ali eu conhecia a linha vermelha do metrô, a azul, e passeava na zona norte. Conhecia também as barraquinhas de pastel da Liberdade, as pombas da Rua do Carmo, os itinerários de ônibus e toda a São Paulo por quem hoje devoto minha paixão.

Aos domingos, era a vez de mamãe me levar pro passeio na zona sul, na casa das 5 ou 6 tias que numeravam (e muito) a família, com seus filhos, netos, primos, parentes de todos os lados.
Alguns anos depois, lá vamos nós morar na zona sul, com uma delas!

Nesse decorrer de tempo, minha cabeça estava a mil, atordoada coma transição da infância para a adolescência. Sem um suporte direto, ficava sozinha todos os dias sozinha, quase uma autodidata, aprendendo na raça a me virar na escola e indo morar na periferia. Estava acostumada com outro mundo, com uma padaria perto e ensino de primeira. Foi um choque. Morar em Parelheiros fez com que as barreiras para o meu crescimento aumentassem, mas jamais enxerguei o impossível.

Difícil, fui me acostumando com este novo mundo que caiu no meu colo. Fui aprendendo que o respeito, a compreensão e a solidariedade deveriam acompanhar meus passos a todo o tempo. Os preconceitos foram retirados da minha cabeça, e me envolvi demais neste novo mundo. Foi quando surgiu o maior bem da minha vida, chamado Fabrício.

Fui mãe aos 16. Ali, amadureci instantaneamente. As responsabilidades se multiplicaram e, neste momento, entendi que meus desejos de alguns anos, somados ao aprendizado, teriam um impacto fulminante. Agora eu me deparava com o meu lar, uma vida afetiva frustrada, um menino que é até hoje a razão do meu viver. Eu me dividia entre aulas, término do ensino médio e começo de faculdade, emprego, ensinava aos outros o que tinha aprendido, ministrava aulas de informática, subia de cargo na empresa, responsabilidades, formação, faculdade de novo (agora sim jornalismo).... ufa, quanta coisa!

Separação, um novo amor, separação de novo, curtição, balada, correr atrás do que não vivi e vivi tardiamente, reconstrução de ideais, amigos, preconceitos quanto à opção sexual, coragem para assumí-la. Enfim, o mundo girava... Finalmente 26.
Acho que minha instabilidade emocional, típica de mulher, ficou mais ainda a flor da pele com esse histórico. Hoje vivo tudo de forma muito intensa. As alegrias são inigualáveis. As tristezas são de acabar o mundo.

Cada um que passou pelo meu caminho construiu comigo minha identidade. Fez-me crescer, amadurecer e aumentou meu empenho em viver. E é em meio às dificuldades que encontro as alegrias. Olho ao meu redor orgulhosa da profissão que escolhi. Choro e sorrio com a vida que eu levo, com os momentos de tristeza ou com a paixão absorvente que vivo. Paixão esta que passa por cima de vários princípios. Hoje consigo enxergar minha caminhada como recompensadora. Meu presente maior é saber que tenho ao meu lado pessoas que sempre estarão comigo, pois aprendi a selecioná-las e perceber o quanto me agregam e fazem parte do meu mundo.

Ainda estou caminhando para a construção desse universo, e para a realização destes sonhos. Ainda há muito a se fazer, e coisas demais a se aprender. Ainda preciso me regrar inclusive para manter uma regularidade neste blog.

Já, 26?

3 comentários:

[ rod ] ® disse...

E aqui estou eu sendo o primeiro, pelo menos aqui, a desejar Feliz Aniversário moça! Que sejas sem´re cativantes como és... um bj carinhoso.

Danilo Nunes disse...

O que forma a nossa identidade é a nossa história e a sua está apenas começando. Mas já apresenta uma mulher de garra e fibra, sem medo dos desafios que a vida lhe impõe. Continue lutando sempre, não desista, e saiba que precisando, tamos aí!

Danilo Moreira disse...

Estava a fechar a janela do painel do blogspot qdo vi um post seu no campo dos seguidores. Vim para este blog que faz tempo que eu nao visitava (pode puxar a minha orelha rsrs), e dentre vários posts, encontrei logo esse aqui, que vc postou no dia do seu aniversário.

Só queria dizer apenas que tenho muito orgulho de voce. Você, de fato, é uma flor de Lotus rsrs

Parabéns pelo post.

Bjs!!!