21 de março de 2009

Saudosismo 21 não vivenciado

Nessa semana, realizei um grande sonho. Conversei e entrevistei um dos líderes do movimento secundarista em 68. Bernardo Joffily, editor do portal vermelho.org, abrilhantou ainda mais a relação jovem/política. Esse texto, portanto, faz uma reflexão sobre o envolvimento dos jovens com a política na atualidade. Cabe a nós pensarmos sobre isso.


Mediante tamanha passividade e, de certa forma, conformidade, chego à conclusão de que minha mente se sentiria muito mais aliviada, caso tivesse nascido em 1947. A frustração seria um tanto quanto menos densa, já que no tão aclamado e saudosista ano de 1968, teria a mesma idade que me encontro nos dias atuais: 21 anos.
E quem conseguiria imaginar que tal representatividade numérica pudesse ter conotações tão antagônicas? Ter 21 anos, em 1968, significava fazer parte de uma época em que os jovens questionavam, refletiam e reivindicavam.
O número 21 ia além do padrão juvenil estereotipado. Ele era sim um sinônimo de lutas e protestos em todo o mundo, fosse em Paris, com diversas manifestações dos estudantes, ou no Rio de Janeiro, com a histórica Passeata dos Cem Mil.
Hoje, lamentavelmente, a juventude é um reflexo da mediocridade, conduzida pela banalização midiática. Trata-se de um conformismo e incapacidade de exigir pequenas melhorias e mudanças que estão ao seu redor.
Toda a simbologia atribuída ao “21” foi reduzida a pó. Nos dias atuais, ele nem mesmo serve como idade mínima para “se” fazer uma tatuagem ou tirar a almejada carta de habilitação.
Oh, admirável juventude, representada pelo épico e transversal 21, rejeite esse contraste amedrontador. É incrivelmente extenso e rápido o acesso à informação. Não há razões cabíveis para “justificar” a omissão “injustificável”.
O saudosismo 21 não vivenciado, até certo ponto, pode ser considerado utópico e errôneo, principalmente por quem, de fato, o presenciou. Entretanto, meu estado de espírito atual permite que eu veja apenas seus aspectos unilaterais, ou seja, positivos.
Enquanto acreditar que o ano de 68 exibia com veemência o significado de ter 21 anos, continuarei a lamentar por não ter nascido em 47 e, conseqüentemente, fazer parte de uma geração consciente. Esse sentimento, portanto, insistirá em tomar conta de mim. Cabe aos demais despertá-lo também. Quem sabe assim, vestígios simplórios daquela época possam ressurgir, externando assim o valor do jovem.

4 comentários:

Dhoruba Veny disse...

Texto muito bom mesmo! Ainda que o conformismo tenha se tornado a nova "fuga" do jovem atual , ter conhecimento de sua própria alienação faz com que ele comece (por alguns segundos) a questionar as velhas bases de controle de massa. Caso isso não aconteça , nós vamos vê-lo na frente de um televisor assistindo a algum reality show , que de "Reality" não tem nada.

Danilo Moreira disse...

Ah rapaz, vc, eu e uma legião de jovens gostariam de ter nascido em 1947 (a minha mãe é que teve sorte, nasceu em 1944...rs).

Mas naquela época também havia muitos jovens alienados com a Jovem Guarda entre outras modas.

A diferença é que era uma juventude mais inocente, diferente de hj onde se sabe e se tem bem mais acesso à informações das coisas erradas no Brasil e nada se faz, apenas cada um "cuida da sua vida, e dane-se os outros."

Otimo post.

Abçs!!!

Taís Oliveira disse...

Não sabia que vc tbm tinha esse espirito saudosista dos anos 60. Os anos 80/90 tbm me agradam um pouco, mais pelo Rock como forma de protesto. Mas nd como estudar a ditadura militar e ver tantos movimentos juvenis no auge da militância. Inspirador e invejável ao mesmo tempo. Realmente tbm queria ter vivido aquela epoca. Mas o fato é que somos jovens do século XXI e a história é agora: "Só uma Juventude organizada será uma juventude forte"!Por mais que a maioria esteja mergulhado no comodismo/conformismo ainda existem loucos como nós saudosistas, blogueiros e com um instinto "revolucionário" hauihau ... Eu ainda não desisti. Até chegar na 3ª idade tem tempo e até cultivar a juventude de coração!!

Gostei do seu blog! Parabéns! Quando entrevistar mais um ícone desses pega um autografo pra mim ok. Hhaiuhaiuh

Entra no meu blog aí: quefato.blogspot.com

Até a próxima!

Amanda Cotrim disse...

Oi Joao! Não sabia que você possuia um blog, rsrsr. Agora virei aqui sempre, porque não sei se você sabe, mas sou VICIADA em blog´s hehehehe.
Parabéns pelo texto, você escreve muito bem. Quando as coisas estão ordenadas na nossa mente, isso se materializa num bom texto.
Dando um palpite prévio: Um adoraria ter vivido a década de 20 hauhauha: Década mais curta do século.
Um Beijao